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Lívia Freire
Arquitetura Sacra
Capela da Ressurreição
A área externa da capela da Ressurreição é marcada por um jardim desértico e por uma via sacra. As quatorze primeiras estações são desenhadas pelo artista sacro Eduardo Silva e reproduzidas em tinta automobilística sobre porcelanato pelo Design Alberto Bruno. A última estação é composta por um ícone do Ressuscitado na Cruz em impressão sobre madeira.
No jardim desértico foi aplicado o conceito de jardim Xerofítico, que inclui a predominância de formas cactáceas, a presença de muitas pedras, a baixa necessidade de manutenção e a pouca exigência hídrica. Simbolicamente, o jardim desértico é o que melhor corresponde a via sacra , nos remetendo a aridez espiritual dos momentos da Paixão.

A cruz de placa metálica pintada com efeito corten, nos convida a entrar no átrio, espaço de transição entre o sagrado e o profano. Com nossas dores, fragilidades, enfermidades, pecados, somos convidados a passar por ela.
Cristo, que entra na história da humanidade e a redime de todo pecado pelo poder da Sua cruz, nos convida a percorrer o caminho de sua morte e ressurreição. Este caminho a ser percorrido, é sobretudo, um caminho de ressurreição que passa pela cruz e não o contrário e quando o nosso sofrimento se une ao sofrimento de Cristo, este se torna fecundo.

Desde a entrada da nave da capela da Ressurreição, encontra-se um labirinto, concebido pela arquiteta Raquel Rosembrg Schneider e gentilmente cedido para a composição deste espaço. Mármore Travertino e granito Brasília o compoem. Os materiais querem nos fazer percorrer um caminho com os olhos para o que é mais essencial.
No presbitério, encontram-se os objetos litúrgicos, os quais são de granito super nanoglass em branco puro, nos remetendo às nossas almas após serem alvejadas pelo sangue do Cordeiro. (Ap 7, 14).O altar tem sua parte posterior a ser completada por cada um de nós, pedras vivas no que falta aos sofrimentos de Cristo a favor de seu corpo que é a Igreja (Col 1,24b).
Em frente as quatro faces do Altar, na paginação do piso, estão figurados os quatro rios do Paraíso, símbolo da graça que sai do lado do Cordeiro e nos faz, como povo em movimento, evangelizar saindo pelos quatro pontos cardeais até os confins da terra.
Dois são os ícones que compõem os espaços da capela da Ressurreição. Um deles fica externo, compondo a via sacra e o outro fica interno, nos remetendo ao mistério central da capela, a descida à mansão dos mortos de Jesus para resgate de Adão e de todos os homens e mulheres que esperavam pela ressurreição. Além desses dois ícones, também há um panô pintado com os três títulos da Mãe de Deus para a Comunidade Shalom: Nossa Senhora porta do céu, Nossa Senhora Rainha da Paz e Nossa Senhora Esposa do Espírito.

Ao mesmo tempo que há essa diversidade no piso, há unidade e amplidão do ambiente pelo revestimento das paredes em tijolinhos de pedra Cariri. O revestimento em cor de barro, remete à nossa criação e tendo formato retangular, remete à nossa humanidade. Somos compostos por arestas e pela graça e obra de Deus, temos as nossas arestas aparadas ao longo de toda a vida. Além disso, lembram que nossa vida é edificada com atos de virtude que, perpassados pelos de nossos irmãos constroem a Igreja de Cristo, a composição do revestimento quer nos lembrar que nós somos as pedras mais preciosas que formam a Igreja, o espaço sagrado da capela da Ressurreição.
Além desse revestimento, é possível ver um jardim vertical através de arcos. Há predomìnio da cor verde e variedade de espécies na composição. O lado esquerdo e direito ascendem para o centro, onde está localizado o altar.
O verde é a cor predominante do jardim vertical porque esta é a cor que mais bem é apreendida sem cansar a visão, tendo um efeito relaxante orgânico e natural. Também, para a nossa região, de forte influência cultural do semi-árido, o verde para nós tem sentido de preciosidade. Verdes são as pastagens após o período de chuva e esta é a alegria do agricultor.
Foram utilizadas as espécies Dianela, Manto Sagrado, Samambaia Paulista, Cabelo de Nêga e Russélia, fazendo alusão à diversidade de espécies do jardim do Éden.

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